quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Espelho da alma

    Hoje eu acordei e pelos primeiros 3 minutos acreditei que seria um bom dia, na medida do possível. Até que caí em minha própria armadilha e busquei na memória o que me aflingira na noite anterior. Pronto. Ticket comprado para 7 dias de sofrimento. Percebi que a próxima semana seria tomada por pensamentos inúteis. 
   Aos poucos me acostumo com esses períodos cujo meu pensamento assume proporções avassaladoras e parece mais rígido que um general passando ordens a um bando de baderneiros. O que deixa toda a situação mais desesperadora é o fato de que sou meu próprio baderneiro e general. É uma disputa de quem grita mais alto dentro de mim. A todo instante tenho vontade de bater a cabeça na parede até tudo ficar em silêncio, mas é claro que isso não acontece. 
      Nessa sucessão de dias sufocantes sinto em cada célula que sou o pior ser humano que caminha pela face da terra. O som da minha voz me incomoda profundamente, o mesmo do sorriso abestalhado que mostra demais, ou como minha língua descansa entre os dentes quando seguro a careta de felicidade. Jamais teria me dado conta se não fosse um ex namorado que fez questão de apontar essa mania no término da relação. Obrigada, agora tenho mais um argumento contra mim. 
      Caminho na rua irritada com passos desconexos e a posição que transparece a falta de confiança. Mudo a visão dos pés para as pernas e lembro que anos de má postura me renderam pernas desnecessariamente tortas, como de dois gravetos tivessem crescido e se adaptado a um obstáculo. 
     Desejo desaparecer. Questiono-me o sentido de ainda respirar, já que sou mais uma formiga operária seguindo ordens e mantendo tudo nos trilhos. Fico insatisfeita ao constatar que essa é a posição da natureza, ela quer nos manter vivos custe o que custar, e não será hoje que essa vida vai acabar. Contente-se. Siga as regras, faltam 7 dias. (((((:


Screaming Head 4, Guy Denning